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19 04 SbCat noticia QuemSomosJoãoGuilhermeNo colégio quando ouvia falar em catalisadores não tinha a dimensão da importância desses materiais e nem me chamavam tanto a atenção. Durante a faculdade (Ciências – Química), trabalhando no IPEN -SP (antigo IEA), entre 1978 e 1979, eu sintetizava aluminas esféricas para estudar o processo “sol-gel” e pesquisando usos para esses materiais comecei a tomar ciência do emprego dessas aluminas como catalisadores ácidos ou como suportes de catalisadores. Nessa mesma época comecei a ouvir falar de zeólitos que eram utilizadas no craqueamento de petróleo.

Em 1980 um colega de classe (Florindo) da graduação em Ciências – Química, me falou que estava indo trabalhar no IPT-SP com processos catalíticos e me mostrou uma matéria na Folha de São Paulo, na qual o Eng. Kenji Takemoto falava de aluminas para produzir etileno (hoje chamado de etileno verde) a partir de etanol no âmbito do Projeto JICA.

Aquela reportagem me marcou muito. Meu interesse pelo assunto começou a crescer e, procurando por informações sobre pós-graduação no IQ-USP, eu vi um folheto do Laboratório de Catálise da Universidade do Texas e após estudá-lo decidi que aquele seria meu destino na pós-graduação. Entretanto, para ir para aquela Universidade era necessário ter um ano a mais de escolaridade (16) e então após me formar Química (licenciado e bacharel) me matriculei no ano seguinte (1981) no curso Química Industrial. Minha estratégia era aproveitar para estudar inglês e juntar algum dinheiro. Para isso, comecei a dar aulas pela manhã em alguns colégios da cidade de São Paulo em alguns dias por semana. E para completar minha grade, comecei em janeiro a fazer estágio no Laboratório de Catálise do IPT uma tarde por semana.

Quando chegou em julho daquele ano eu desisti de ir fazer pós-graduação no exterior, tranquei a matrícula na faculdade, parei com o estágio no IPT e comecei a trabalhar num laboratório farmacêutico no horário de 14h00 às 22h00, continuei com as aulas de manhã.

Na metade de agosto ocorreu uma oportunidade histórica daquelas que mudam a vida de uma pessoa: o IPT abriu uma vaga para assistente de pesquisa no Laboratório de Catálise. E não tive dúvidas, me candidatei e entrei no IPT em setembro daquele 1981. Destranquei o curso de Química Industrial, o qual fiz com interesse (descobri que o aproveitamento é muito melhor quando não se tem a preocupação em tirar boas notas – elas vêm naturalmente).
A pesquisa aplicada que era desenvolvida no IPT sempre me realizou porque eu via muito sentido em tudo o que eu fazia. Trabalhei em dezenas de projetos com indústrias e poucos com agências de fomento. A pesquisa básica que era feita servia para embasar projetos aplicados. Contávamos com a orientação e auxílio de pesquisadores japoneses vindos pelo Projeto JICA para desenvolver a rota da síntese da amônia. Se fosse uma história, vários capítulos deveriam mencionar o papel do Prof. Martim Schmal que nos ensinou muitas coisas e participou sem dúvida da formação de muitos outros brasileiros.

Cabe lembrar que na década de 80, colaboramos marginalmente e acompanhamos a evolução e crescimento do Grupo de Catálise do IBP até a fundação da SBCAT.

O principal foco do IPT durante algum tempo era substituir importações e houve muita demanda por esse tipo de serviço até o meio da década de 90 quando houve uma diminuição do protecionismo do mercado e uma diminuição da demanda por parte de indústrias e de uma certa forma um aumento da concorrência, uma boa notícia, por parte dos vários grupos que estavam nascendo pelo pais. Durante esse tempo, nosso laboratório foi bastante visitado por vários pesquisadores do país e contribuiu à sua maneira para a disseminação da catálise pelo país. Vários dos pesquisadores do IPT conhecidos de todos da comunidade foram para a indústria e se destacaram na área como tais como Engo. Kenji Takemoto e a Enga. Valéria Perfeito Vicentini. Outros saíram da área ou se aposentaram.

A capacitação em conduzir e realizar projetos de pesquisa foi mantida, mas fomos impelidos a estudar outros assuntos. Durante minha estada no IPT obtive meu mestrado na EPUSP onde cultivei várias amizades com o pessoal da USP e vários professores da UFSCar que estavam obtendo o doutoramento. Posteriormente, fiz o doutorado estudando um tipo de catálise em fase sólida que ocorre em reações de silício com cloreto de metila (processo Rochow) da rota de obtenção de silicone.

Trabalhei em projetos de adsorção notadamente no desenvolvimento de material para separação de O2 e N2, uma zeólita FAU-X (fizemos 200 kg desse material) e distribuímos para alguns colegas que nos solicitaram.

Para atender às demandas do mercado estudamos polimerização (catiônica e radicalar), síntese orgânica e ajudamos o desenvolvemos vários processos industriais para micro, pequenas, médias e grandes empresas. E em vez de tentar desenvolver o conhecimento básico, passamos a trabalhar em parcerias com grupos da universidade.

Os anos 2000 foram muito intensos, os temas da reforma de etanol, da economia do hidrogênio e das células a combustível ganham destaque e começamos a nos interessar pelo tema e até tentamos colaborar com um consórcio internacional (Excelsis – Daimler- Chrysler- Benz -Ballard-Ford) para avaliar reformadores de etanol. Mas, com o falecimento do governador Mario Covas, o tema foi para nível federal e seguiu outro rumo. Voltei a lecionar, desta vez no curso de mestrado profissional do IPT onde comecei a orientar mestrados com temas aplicados. O IPT sentiu necessidade de aumentar o portfólio de pesquisa básica, e em cooperação com o IPEN, participamos na Rede de Células a Combustível PEM e no âmbito do programa de Novos Talentos do IPT, orientamos um doutorado (o Marcelo do Carmo, hoje em Jülich) cujo tema era otimizar a interface tripla entre nafion-catalisador-grafite no qual foi desenvolvida a inserção de cabeleiras condutoras de prótons no suporte do catalisador resultando num ganho de 50 % no desemprenho eletroquímico resultando em deposito de patentes várias publicações.

Além de atender às demandas variadas das indústrias que recorriam ao IPT, começamos a estudar a aplicação de catalisadores para processos de química verde que estarão em biorefinarias no futuro. Comecei a estudar reações de açúcares em ácido levulínico.

O maior projeto que participei no IPT foi o projeto conceitual de uma planta piloto de gaseificação em reator de fluxo de arraste (entrained flow gasifier) de bagaço de cana e derivados tais como bio-óleo, bio-lama e bagaço torrefado. Nesse projeto atuamos junto com mais de 40 pesquisadores de vários laboratórios e setores do IPT nos dedicamos a estudar cada parte da implantação do processo. Nossa tarefa nesse projeto foi a purificação e tratamento do gás de síntese. Infelizmente as indústrias que participariam do projeto de construção da planta piloto desistiram. O financiamento do BNDES seria da ordem de R$ 100 milhões.

Resolvi então ir para a FEI (Centro Universitário da FEI) atendendo ao convite do Prof. Ricardo Belchior Torres para participar no curso de pós-graduação.

Aqui na FEI tenho me dedicado mais à pesquisa básica, a formação de pessoas e transmitir parte da minha experiência para os estudantes. Também participo de alguns projetos de cunho tecnológico muito estimulantes tais como o H2020/FAPs que é um projeto conduzido por várias instituições e empresas nacionais e europeias. No Brasil o projeto é dedicado ao estudo da obtenção de bio-querosene de aviação a ser obtido de gaseificação de biomassas levando em conta várias etapas começando pela logística do plantio, colheita e manejo da terra. Na Europa o foco principal é basicamente à obtenção de biogás usando fontes semelhantes. Também participo do projeto Rota 2030, junto com outras instituições nacionais onde o objetivo é produzir um protótipo de um reformador embarcado de etanol para geração de mistura rica em hidrogênio com a finalidade de aditivar a combustão do etanol elevando sua eficiência energética.

Na sociedade brasileira de catálise (SBCAT) tenho muitos colegas e amigos e colegas que admiro e me inspiram a continuar lutando pelo desenvolvimento do país e do planeta.

 NotíciaMinha história começa em 2007, quando ingressei no curso de Química Industrial da URI (Campus Erechim – RS), graças ao meu interesse pela investigação. Já no segundo semestre comecei a desenvolver meu primeiro projeto de iniciação científica, sob a orientação do Prof. Fábio Garcia Penha, no estudo de argilasorganofílicas. Com o decorrer do tempo e com forte incentivo da Prof. Sibele Pergher, comecei a participar de eventos científicos regionais e nacionais, o que me deu a oportunidade de conhecer diversos lugares do Brasil e a me familiarizar com a catálise.Ao final da graduação, realizei o estágio obrigatório sob a orientação do Prof. Marcelo Mignoni, que me iniciou na área que até hoje me encanta: a síntese de zeólitas.
Sabendo que queria seguir na área acadêmica e, motivado pela Prof. Sibele, participei da seleção de mestrado do PPGQ daUFRN, onde fui aprovado.Junto com minha esposa, Francine Bertella (Fran), fomos para o Rio Grande do Norte fazer o mestrado no LABPEMOL. O fato de ir morar em Natal pode ser considerado um dos catalisadores da minha (curta) trajetória pessoal e profissional. Fui muito feliz no curto período de tempo que fiquei lá... fiz vários amigos (alguns padrinhos de casamento) e contatos, saí pela primeira vez “de casa”, conheci uma cultura diferente e, através da Sibele e da concepção do 1º Ciclo de Palestras sobre Peneiras Moleculares, conheci meu (futuro) orientador de doutorado.Em 2013, me candidatei a uma bolsa do programa nacional “Ciências sem Fronteiras”, da CAPES, para realizar o doutorado pleno, no Instituto de Tecnología Química (ITQ) da UniversitatPolitècnica de València na Espanha, um dos centros de pesquisa mais importantes na área de catálise e zeólitas no mundo. Meses antes de defender o mestrado, soube que fui contemplado com a bolsa de doutorado integral no exterior, e alguns meses após a defesa fui morar na Espanha. E o melhor de tudo: minha esposa também iria fazer o doutorado pleno lá!
No doutorado ocorreu uma mudança significativa no que eu vinha fazendo na pesquisa. Deixei momentaneamente a síntese de materiais - que fiz ao longo da graduação e mestrado - para estudar catalisadores pela técnica de espectroscopia de absorção de raios X (XAS) em condições de operação,sob orientação do Prof. Fernando Rey e coorientação do Dr. Giovanni Agostini (hoje, grandes amigos). Trabalhar quase que integralmente com XAS foi bastante duro no início, porém, resultou em inúmeras oportunidades. Com o apoio do meu orientador, pude colaborar com diversos professores do ITQ e, chegando no fim do doutorado, tinha participado de mais de 15 tempos de medida em grandes instalações européias (síncrotrons e reatores de nêutrons). Ou seja, muitíssimas noites em claro.
Em julho de 2018 defendi o doutorado (com Cum Laude, pra minha alegria e de minha mãe, que viajou até a Espanha pra me ver virar doutor) e retornei em seguida ao Brasil. Entre agosto de 2018 e fevereiro de 2019 participei de várias seleções de pós-doutorado, nas quais não fui classificado. Então, sem pós-docs ou concursos em vista, aproveitei o momento para trabalhar em dados de XAS de pesquisadores colaboradores. Tive a oportunidade de trabalhar em um grande projeto,chefiado pelo Prof. Avelino Corma, o que posteriormente me rendeu publicações importantíssimas, as quais tenho muito orgulho em ter colaborado.
Em março de 2019, a convite da Profa. Katia Bernardo Gusmão e do Prof. José Ribeiro Gregório, iniciei um estágio de pós-doutorado no Laboratório de Reatividade e Catálise (LRC) do Instituto de Química da UFRGS, lugar que considero atualmente meu lar. Em agosto de 2020 fui selecionado como Pesquisador Visitante no PRH 50.1 (Programa de Recursos Humanos da ANP), cargo que me encontro atualmente e que iniciou um novo capítulo na minha trajetória profissional. No PRH, organizamos a série de webinars do PRH 50.1, que possui público catalítico cativo e já contou com a presença de diversos nomes importantes da catálise no Brasil e no exterior.
Na UFRGS, estou tendo a oportunidade de dar os primeiros passos como professor/pesquisador em instituição pública de ensino e pesquisa. Comecei minhas atividades docentes em disciplinas no Departamento de Química Inorgânica e em disciplinas específicas do PRH, na pós-graduação. Além disso, juntamente com a Profa. Katia Gusmão, oriento duas alunas de mestrado, na área de síntese, caracterização e aplicação de zeólitas e redes metalorgânicas (MOFs) em processos catalíticos. Também mantenho meu vínculo com a Profa. Sibele Pergher e o LABPEMOL, através da coorientação de um aluno de doutorado.
Por fim, gostaria de agradecer a todas aquelas pessoas que me influenciaram e compartilharam momentos durante essa curta, porém proveitosa trajetória. Como diz a “chefe” (Katia): “vamos nos divertindo pelo caminho”. A catálise e, consequentemente, a SBCat, têm um papel fundamental nisso!
Christian Wittee Lopes

29 03 SBCAT noticia QuemSomosFiquei muito feliz com o convite da Dra. Sibele Pergher em nome da SBCat para compartilhar a minha trajetória.

Nasci em Nova Iguaçu, RJ e cursei o primário em escola pública. A vocação pela química começou quando ganhei de meu pai um kit de laboratório químico. Gostei tanto que tive vários. Dizia para todos que seria Cientista. Somente no segundo grau descobri que existia a Engenharia Química.

Corta para 1982, quando fui aprovado no vestibular para a Escola de Química da UFRJ. Mal servida pelo transporte público, a Ilha do Fundão tinha a instituição do ponto de carona, onde dezenas de alunos com o polegar erguido contavam com a gentileza de motoristas desconhecidos para ir e vir da UFRJ – no meu caso, me deslocar até a Av. Brasil, onde pegava o ônibus para casa.

Perrengues à parte, fui muito feliz nesses anos. Sentia orgulho de assistir aula nos anfiteatros da EQ, de transitar entre os Blocos A e E e não conhecia traje mais elegante que o jaleco branco das aulas práticas. Eu montei um laboratório químico em casa, no qual fazia diversas reações, inclusive aquelas que o Vogel recomendava não fazer...

Em 1987 eu estagiava na Bayer e seria um dos engenheiros trainees, início de uma carreira cobiçada entre nós alunos. Mas teria que renunciar ao sonho de fazer mestrado.

Quando eu estava me formando, fui aprovado no concurso CEPESQ-88 (Curso de Pesquisa e Desenvolvimento em Processos Químicos), convênio entre a Petroquisa e COPPE/UFRJ para capacitar pesquisadores para os polos petroquímicos (a Petroquisa participava de todas as empresas petroquímicas, no modelo tripartite).

Além da Petroquisa, as vagas do RJ eram para a Petroflex, Nitriflex e Fábrica Carioca de Catalisadores (FCCSA), recém-criada para produzir catalisadores de FCC (craqueamento catalítico em leito fluidizado), um produto estratégico para a indústria de refino, como a Guerra das Malvinas mostrou dolorosamente para a Argentina. Seria a primeira e até hoje a única fábrica de FCC no Hemisfério Sul.

A COPPE ministrava as disciplinas do mestrado e a Petroquisa suplementava com aulas de química orgânica avançada, quimiometria, processos petroquímicos e avaliação de projetos. Cumpridos os créditos, o aluno seria contratado e desenvolveria sua tese de mestrado em um tema de interesse da empresa.

Era a oportunidade de ouro, pois conciliava o mestrado com emprego na indústria e, com meu interesse pela catálise, a FCCSA foi a escolha natural.

A FCCSA propôs o desenvolvimento de uma rota alternativa para a síntese da zeólita Y: um cogel em substituição ao produto intermediário da tecnologia da Akzo. Fui orientado pelo saudoso Dr. Jorge Gusmão da Silva e pelo Dr. Lam Yiu Lau, que me inspira e ensina até hoje!

O desenvolvimento no Laboratório Experimental da FCCSA foi um sucesso e fizemos o scale-up na planta piloto do CENPES/Petrobras. Levamos o cogel para a escala industrial e logramos maior produção, melhor qualidade e economia no processo. Resultados tão bons que o licenciador adotou a nova tecnologia em suas plantas na Holanda e EUA.

Como essa tecnologia passou a ser segredo industrial, o tema da minha tese mudou para “Síntese e Caracterização de Faujasitas”, que defendi em julho de 1990.

Nessa época a FCCSA complementava bolsas de pós-graduação e disponibilizava o Laboratório Experimental para os alunos desenvolverem suas teses. Passaram por lá amigos queridos, como Eledir Vitor Sobrinho, Alexandre Leiras, Pedro Arroyo, Lindoval Domiciano e Débora Fortes. Ambiente de inovação e amizade, que só existiu pela genialidade do Gusmão e do Professor Eduardo Falabella, mentores desse projeto.

Fui engenheiro de acompanhamento do processo de produção da zeólita Y até 1997, quando Oscar Chamberlain me convidou para trabalhar no CENPES. A FCCSA podia ceder funcionários a outras empresas integrantes do sistema Petrobras.

No CENPES fiz P&D de zeólitas e catalisadores até 2004. Destaco nessa passagem o scale-up de síntese da zeólita ZSM-5. A partir de uma patente do Lam, fiz o desenvolvimento em escala piloto que subsidiou o projeto básico e construção da unidade industrial de ZSM-5 na Sentex. Partimos e operamos a planta em 2002.

Quando a patente da Mobil caducou, o aditivo de ZSM-5 desenvolvido no CENPES pode ser produzido industrialmente pela FCCSA e a Petrobras foi a maior usuária mundial de ZSM-5 por alguns anos.

Fiz o MBA Executivo na COPPEAD/UFRJ em 2003 e a FCCSA me chamou para coordenar o projeto conceitual de um parque tecnológico, que culminou na construção da PROCAT (Planta Protótipo de Catalisadores), unidade da EQ/UFRJ, em um terreno cedido pela FCCSA à universidade.
Em 2005 deixei a FCCSA para trabalhar na Braskem em Camaçari, BA. Nossa equipe projetou e partiu a planta piloto de eteno de álcool, tecnologia empregada nos produtos I’m Green® da Braskem.

O Dr. Luiz Fernando Leite convidou-me para participar do projeto do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ). Voltei para a FCCSA em 2007, que novamente me cedeu para a Petrobras.

A Technip Itália fazia o projeto conceitual das unidades de segunda geração do COMPERJ e fui enviado a Roma por três meses para fazer o acompanhamento. Participei de diversas missões de avaliação tecnológica, visitando empresas na China, Singapura, Tailândia, Indonésia, Alemanha, Escócia e EUA.

O COMPERJ perdeu momentum e, com a extinção da Petroquisa em janeiro de 2012, minha cessão foi extinta e voltei à FCCSA como Coordenador do Desenvolvimento de Produtos na Gerência de Marketing com o Dr. Alexandre de Figueiredo.

Iniciei meu doutorado em 2018 no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos – EPQB, da EQ/UFRJ, com o tema “Preparação, caracterização e avaliação de catalisadores de FCC de alta acessibilidade”. Tenho o privilégio de ter como orientadores dois queridos e admirados amigos, o Dr. Eduardo Falabella e o Dr. Donato Aranda.

Passei a cuidar do desenvolvimento de novos negócios seguindo a estratégia de diversificação da FCCSA. Prospectando oportunidades de negócios, desenvolvi e lancei um catalisador para reciclagem de pneus, o primeiro catalisador - e o primeiro cliente - da FCCSA em economia circular e com aplicação fora da indústria de refino de petróleo.

Atualmente sou consultor das tecnologias de produção de catalisador de FCC e faço o desenvolvimento de um catalisador para reciclagem química de plásticos. Produto pioneiro no mercado e para nós também, pois será o primeiro catalisador formatado para uso em leito fixo totalmente desenvolvido e produzido pela FCCSA.

Sou muito grato pelas oportunidades que tive na vida, pela família amorosa que me proporcionou a educação e formação para o mundo, pelo carinho, apoio e incentivo da minha esposa Marcia, pelas alegrias e aprendizado que tive sendo pai do Matheus. Fiz e conservo bons amigos que estão sempre prontos para cooperar, dar novas ideias e facilitar a execução dos meus projetos. Minhas conquistas resultam de muito trabalho, propósito e perseverança, somados ao apoio e estímulo da família e dos amigos queridos.

05 04 SBCAT noticia QuemSomos FrancineMinha trajetória acadêmica começou em 2007 quando ingressei no curso de Química Industrial da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI (Campus Erechim – RS), devido ao meu interesse pela química. No segundo semestre do curso, deixei o emprego que tinha para iniciar o meu primeiro projeto de pesquisa de iniciação científica, sob a orientação da Profa. Sibele B. C. Pergher, sobre a síntese de argilas pilarizadas. Foi na iniciação científica que percebi que eu adorava a vida acadêmica e que queria seguir na pesquisa. Minha relação com a catálise começou durante a iniciação científica, com a síntese e caracterização de catalisadores, e posteriormente no doutorado mais especificamente com as reações catalíticas propriamente ditas. O primeiro congresso de catálise que participei foi o 15° CBCat, realizado em Armação dos Búzios (RJ), em 2009, o qual tem um significado especial para mim pois além de um certificado de apresentação de pôster, saí de lá com um namorado, hoje marido, que também é catalítico (Christian Wittee Lopes). Isso prova que nem tudo que acontece em um congresso fica no congresso.

Posteriormente, em 2012, motivada pela Sibele, que estava atuando como professora na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, ingressei no Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ) da UFRN. Assim, troquei o frio do Rio Grande do Sul pelo calor do Rio Grande do Norte e mudei-me para Natal para realizar meu mestrado, o qual defendi em maio de 2014, no tema síntese e caracterização de argilas pilarizadas com pilares mistos Al/Co, sob a orientação da Profa. Sibele.

Ainda em setembro de 2013, incentivada pela minha orientadora e sabendo que queria aprofundar meus conhecimentos sobre sólidos inorgânicos e principalmente catálise, me candidatei a uma bolsa do Ciências sem Fronteiras, a qual meses depois foi aprovada, para realizar o doutorado pleno em Química Sustentável no Instituto de Tecnología Química (ITQ) da Universitat Politècnica de València na Espanha.

Ingressei no doutorado em agosto de 2014 e foi no ITQ que comecei a aprofundar meus conhecimentos sobre catalisadores suportados: tipos de suporte, promotores, síntese de nanopartículas suportadas e efeitos de forte interação metal-suporte (SMSI). Mais especificamente, foquei em catalisadores de Co e Ru suportados em TiO2 aplicados à Síntese de Fischer-Tropsch. Em julho de 2018 defendi minha tese sob a orientação do Prof. Dr. Agustín Martínez Feliu. No decorrer do doutorado pude participar de vários congressos na área de catálise, tais como as reuniões anuais promovidas pela Sociedade Espanhola de Catálise (SECAT), reuniões dos jovens pesquisadores participantes da SECAT e ainda do 13° Congresso Europeu de Catálise (2017). Participar desses congressos internacionais foi uma experiência muito gratificante, pois pude dar rosto aos nomes que eu via nos artigos e até conversar e trocar ideias com esses pesquisadores que até então eu só conhecia por nome.

Em agosto de 2018, quando retornei ao Brasil, me candidatei à alguns processos seletivos de pós-doutorado, pois minha motivação era continuar na carreira acadêmica de pesquisadora/professora. Fui aprovada em dois processos seletivos, um na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e outro na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Por uma série de fatores acabei optando por voltar ao RS e realizar o pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Materiais (PGCIMAT) da UFRGS, sob a supervisão da Profa. Michèle Oberson de Souza (bolsa PNPD/CAPES), o qual iniciei em 2019 e continuo atualmente. Assim, no pós-doutorado que estou desenvolvendo, aprofundei meus conhecimentos sobre a síntese de MOFs (metal-organic frameworks), mais especificamente ZIFs (zeolitic imidazolate frameworks) para a conversão de CO2 a carbonatos cíclicos. Além desses materiais, também estou estudando a síntese de zeólitas e aluminofosfatos utilizando líquidos iônicos como agentes direcionadores de estrutura orgânicos. 

Felizmente, tive muita sorte em todas as etapas da minha vida acadêmica pois eu e o Christian sempre conseguimos bolsas nos mesmos lugares, o que fez com que todas as etapas ficassem mais leves (muitos casais não têm essa sorte, espero que ela continue). Felizmente, tive muita sorte em todas as etapas da minha vida acadêmica pois eu e o Christian sempre conseguimos bolsas nos mesmos lugares, o que fez com que todas as etapas ficassem mais leves (muitos casais não têm essa sorte, espero que ela continue).

A catálise me abriu muitas portas, não só profissionalmente, mas também no âmbito pessoal. Conhecer o Rio de Janeiro, no CBCat de Búzios em 2009, na época me pareceu uma conquista enorme, já que eu nunca tinha estado tão longe de casa (Getúlio Vargas, interior do RS). E foi com as experiências e vivências dos congressos de catálise pelo Brasil, e posteriormente, pelo mundo, que vejo que a pesquisa me proporcionou experiências incríveis e um enriquecimento cultural enorme, que provavelmente eu não teria se tivesse optado por outra profissão. Por isso, sou muito grata a todos que sempre me incentivaram a ser pesquisadora, principalmente a Profa. Sibele Pergher, por ter sido a primeira a me fazer brilhar os olhos em relação à pesquisa.

22 03 SBCAT noticia QuemSomosThiagoEssa história começa no semiárido Cearense, especificamente na cidade de Limoeiro do Norte, lugar onde nasci, vivi a infância e parte da vida adulta. Na Princesa do Vale, como Limoeiro é conhecida, também foi o lugar onde tive oportunidade de me graduar em Química (UECE). Ainda na graduação o Prof. Hélio Girão (UECE) nos apresentou ao mundo maravilhoso das zeólitas, ali foi amor à primeira vista. Assim como na canção de Chico Cesar que diz: “Quando não tinha nada, eu quis”, assim começamos, com nada, nada mais poderoso que a vontade. Vamos transformar argilas do grupo da caulinita em zeólitas A e X, assim começa meu primeiro contato com pesquisa e com a síntese de materiais.  Antes de terminar a graduação eu já estava “batendo à porta” do Prof. Dilson Cardoso (DEQ-UFSCar), de “pires na mão”, pedindo difração de raios X para algumas amostras. O NÃO está garantido, vamos correr atrás do SIM. Nessa época, a iluminação me veio em perceber o que o envio de e-mail é gratuito e com ele podemos nos conectar com qualquer um que queira. Além do Prof. Dilson, que gentilmente fez as análises (que por sinal deu um lindo “morro” de material amorfo), nessa época eu já estava tentando análises com a Profa. Vera Constantino (IQ-USP-SP), recebi amostras comerciais de zeólitas (FAU e MOR) do gentilíssimo Prof. Marcelo Marciel (IQ-UFRJ) e tempo para usar o DRX do Prof. Marcos Sasaki (UFC), apenas para citar alguns nomes. Adoro e sempre uso a frase que virou lema: “Quem tem amigo não morre pagão”. No último semestre da graduação já estávamos falando sobre o projeto de mestrado e com a orientação do Prof. Dilson Cardoso garantida, decidi ir para São Carlos. O LabCat e as pessoas que ali estavam na época me receberam de braços abertos. Até a distância e as saudades de casa já não eram tão sofridas como no começo. Para o doutorado foi fácil decidir continuar no mesmo lugar, apesar da caminhada não ter sido tranquila, o resultado valeu a pena. Durante todo esse período na pós-graduação, além do Prof. Dilson, a Profa. Heloise Pastore (querida Lolly) teve um papel central na minha formação.

O pós-doutorado era destino óbvio, bem como as zeólitas como tema da pesquisa. O desafio estava em juntar as expertises do Prof. Celso Santilli (IQ-UNESP) na síntese de materiais porosos com as zeólitas. Em Araraquara, o Prof. Leandro Martins (IQ-UNESP) abriu as portas do seu grupo, lá fui muito bem recebido e fiz grandes amigos. Essa sinergia entre os grupos de materiais e catálise sempre fez muito sentido e ótimos churrascos. Nessa altura o Prof. Celso já me cobrava, e com razão, uma experiência do exterior. Foi aí que tomei a melhor decisão da minha vida até então, ir para Espanha, trabalhar no Grupo de Tamices Moleculares liderado pelo Prof. Joaquín Peréz-Pariente (ICP-Madrid). Além da qualidade técnica amplamente conhecida que todos do GTM têm, eu fui acolhido dentro de uma família e assim me senti durante todo esse ano em que lá estive. Fruto dessa parceria, uma nova argila pertencente ao grupo das esmectitas foi obtida pela primeira vez. Chamada de VAM (Vandosilicate Araraquara Madrid), a argila leva os nomes das cidades das respectivas instituições.

A essa altura me inquietava um distanciamento profundo e longo entre a universidade e indústria. Sentia que faltava um desafio de sair do “conforto” de mais de 10 anos dentro da academia. O grande amigo Dr. André Silva me ajudou nessa transição, e então fui para Braskem trabalhar em projetos de P&D. Apesar de uma passagem rápida, a quantidade de conhecimento e aprendizado foi enorme e sem dúvida me preparou de forma consistente para assumir a posição que ocupo hoje. Uma oportunidade surgiu na Rhodia Brasil, empresa do Grupo Solvay, onde atualmente sou Pesquisador Sênior da Unidade Global de Negócio chamada Coatis. Dentro da P&D ajudamos a desenhar a ambição da empresa para o futuro e hoje lidero projetos que estão diretamente ligados à sustentabilidade. Adicionalmente a P&D, tenho dado suporte a pelo menos 4 plantas industriais: Fenol, Ácido Nítrico, HMD e Ácido Adípico, todas dentro da cadeia do Fenol/Nylon. Os desafios agora são outros, as abordagens são outras e consequentemente o aprendizado segue enorme e motivador. Aqui é o momento que recorremos aos livros de catálise, que lembramos das aulas de Bueno, do Carmo, Cardoso, Falabella, Fréty, Leiras, Martins, Schmal, Schuchardt; que vemos beleza em uma tela de Pt-Rh incandescente, e nesse momento temos a certeza que fizemos a escolha certa.

Muitos nomes importantes não estão contemplados aqui, mas fiz questão de citar vários para mostrar, além da minha gratidão por todos eles (citados e não citados), que o importante são as relações que construímos, e é esse também o nosso papel junto a SBCat. Finalmente, lembre-se, o envio de e-mail segue sendo grátis, conecte-se sem moderação.

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